A CULTURA DA ACEROLEIRA
FRANZÃO, A. A.
MELO, B.
SUMÁRIO
Aspectos
botânicos, florescimento e frutificação
Importância
Econômica, alimentar e social
Condiçoes Climáticas Hídricas e Solo
Tratos Culturais
Podas de
formação e corretiva
Cultura
intercalar
Nutrição,
adubação e calagem
Produtividade e colheita
Custo de
produção
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
Nos últimos anos, o cultivo da
acerola (Malpighia punicifolia
Linn.), vem se destacando no Brasil, principalmente
pela adaptação da planta ao clima tropical e subtropical.
Em vista sua origem tropical, a
planta se adapta muito bem às condições climáticas do norte e nordeste do
Brasil; sua cultura tem apresentado possibilidades de cultivo, mesmo nas regiões
de latitudes mais elevadas, resultando na sua exploração em todos os estados
brasileiros.
Por muito tempo, essa “cereja
tropical”nascida nas Antilhas permaneceu florescendo e
frutificando em terras americanas, sem provocar maiores atenções. O interesse
pela acerola e os estudos sobre suas potencialidades econômicas, no entanto, só
foram despertados a partir dos anos 40, quando cientistas porto–riquenhos
encontraram na fruta, altos teores de ácido ascórbico, ou seja, vitamina C, seu
índice chega a ser cem vezes superior das frutas cítricas ou
dez vezes maior que o da goiaba, tidas como as frutas de maior alto
conteúdo de vitamina C, e como se sabe esta vitamina é uma das mais importantes
para o homem, usada pela medicina moderna para tratamento ou prevenção de mais
de quarenta doenças diferentes. Tratada como segredo de estado a pequena fruta
foi trazida ao Brasil, no ano de 1956 e graças ao trabalho desenvolvido pelo
Departamento de Agronomia da (Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE,1984), foram plantadas 245 sementes e apenas 10
germinaram e se transformaram em plantas produtivas, nos anos 80 a UFRPE
patrocinou e desenvolveu uma campanha de conscientização sobre os valores
nutricionais da acerola, e suas possibilidades de uso. É provável que a maior
parte das mudas plantadas no Brasil, tenham sido geradas a partir daquelas
primeiras matrizes.
Muita gente denomina a acerola ou
cereja–das–antilhas de cereja do Pará, o que é
incorreto. É que os colonizadores portugueses, chegando ao Pará, encontraram
ali a Britoa triflora,
que os nossos índios chamavam de ibabirapa e, em sua
semelhança com a cereja-da-europa,
denominada em Portugal de ginja ou jinja,
designaram-na simplesmente cereja-do-pará.
Com um agradável aroma e sabor,
aceita pela maioria dos consumidores, pela precocidade de produção e sua
riqueza em vitamina C, a acerola vem despertando grande interesse por parte dos
consumidores, produtores, indústrias e exportadores dentro da fruticultura
nacional e mundial.
Embora a acerola tenha grande possibilidade
de produção no Brasil, ela representa problema na fase de comercialização dos
frutos pela sua grande sensibilidade depois de maduros, deteriorando-se em
poucos dias.
É importante salientar que, ao
contrário da maioria das nossas frutas de exportação, a acerola registra um
índice ascendente de consumo no mercado interno, e verifica-se possibilidade
real e potencial, de o Brasil conquistar e ampliar sua pauta de exportação com
a acerola. Nesse contexto, o cultivo dessa fruta se destaca como uma alternativa
agrícola real.
Aspectos botânicos, florescimento e
frutificação.
Quando começaram os estudos da
classificação botânica da aceroleira de acordo com Simão (1971), causou grande
confusão, sendo inicialmente denominadas de Malpighia
punicifolia e Malpighia
glabra. Informa esse autor que o nome Malpighia,
foi dado em honra do fisiologista italiano Marcello Malphigi, um dos pesquisadores que fez uso do microscópio
para estudar estruturas animais e vegetais. A classificação da acerola
despertou o interesse de taxonomistas de Porto Rico, que chegaram à conclusão
que a cereja das Antilhas é uma planta híbrida de Malpighia
punicifolia e Malpighia
glabra (Simão, 1971).
Em 1753, a acerola foi classificada
por Linaeus, citado por Argles
(1976), como Malpighia glabra. Poucos
anos depois, em 1762, o mesmo botânico deu o nome de Malpighia
punicifolia a uma espécie similar ou idêntica.
Ainda de acordo com Argles (1976), o Dictionari
of Gardening da Real Sociedade de Horticultura
listou separadamente as duas espécies, descrevendo a M. glabra como uma
árvore pequena, medindo cerca de cinco metros de altura, e a M. punicifolia (sonômino de M.
biflora) como uma arbusto de 2,4metros de altura.
Moscoso citado por Argles (1976), informa que em
Porto Rico os botânicos preferem designar a aceroleira como Malpighia
punicifolia. Alguns sugerem que a Barbados
cherry, a acerola cultivada nesse país, pode de fato ser um híbrido das
espécies mencionadas.
Asenjo, citado por Alves (1992), informou
que novos estudos haviam permitido concluir que Malpighia
glabra L. e Malpighia punicifolia L. são sinônimos, embora se apliquem a uma
espécie diferente de acerola. Informou por outro lado, que seu nome correto é Malpighia emarginata Dc.
Ruehle, citado por Simão (1971), esclarece
que Malpighia glabra L. é um arbusto de
tamanho médio, com 2 a 3 metros de altura. Possui ramos densos e espalhados,
folhas opostas, com pecíolo curto, ovaladas e
elíptico-lanceoladas, medindo entre 2,5 e 7,45 cm. A base e principalmente o
ápice das folhas são agudos, de coloração verde-escuro
brilhante na superfície superior e verde-pálido na superfície inferior.
O gênero Malpighia
inclui cerca de 30 a 40 espécies de arbustos e pequenas árvores, todas elas
encontradas em estado nativo nas Antilhas. Em Cuba estão presentes
aproximadamente 20 espécies de Malpighia; em Porto
Rico existem apenas seis, duas das quais são endêmicas
(International Bord Plant GeneticResources, 1986). Ledin (1958) informa que o gênero Malpighia
inclui apenas 15 a 20 espécies importantes.
De acordo com Asenjo
(1959), há contradição no que respeita à espécie a que pertence a aceroleira
cultivada em Porto Rico, uma vez que para muitos botânicos Malpighia
punicifolia e Malpighia
glabra não são espécies distintas, mas sim formas botânicas diferentes da
mesma espécie. Asenjo menciona ainda que segundo
Williams, um botânico da Guatemala, a acerola encontrada em Porto Rico é uma
forma atípica de Malpighia punicifolia; Ledin (1958)
acrescenta que o nome correto é Malpighia
glabra. A denominação mais comum em Porto Rico, entretanto, é Malpigia punicifolia.
Uma vez que os pomares de acerola
existentes no Brasil são oriundos de Porto Rico, acredita-se que sejam
formados, essencialmente, a partir de Malpighia
glabra e/ou Malpighia
punicifolia. É importante assinalar que em
pomares implantados na região do Submédio São
Francisco existem plantas glabras que não produzem irritação na pele durante a
colheita. Outras, entretanto, causam forte irritação quando em contato com a
pele humana, devido à presença de pêlos nas folhas. Esta observação reforça a
hipótese da existência, no Submédio São Francisco, de
Malpighia glabra e Malpighia
punicifolia.
De
acordo com Ruehle, citado por Simão (1971), as
inflorescências da aceroleira acham-se dispostas em pequenas cimeiras axilares,
pedunculadas, com três a cinco flores perfeitas, medindo 1
a 2cm de diâmetro. Sua coloração evolui do rosa-esbranquiçado ao vermelho. O
cálice possui entre seis e dez sépalas sésseis; a corola compõe-se de cinco
pétalas franjadas, ou irregularmente dentadas, apresentando dez estames
perfeitos.
As flores surgem sempre após um
surto de crescimento vegetativo. Podem tanto originar-se
na axila das folhas dos ramos maduros em crescimento como nas axilas das folhas
do ramo recém-brotados.
Segundo Simão (1971), foram
realizados estudos sobre a receptividade do estigma e sobre a deiscência da
antera. Ficou caracterizada a não ocorrência de dicogamia e a ocorrência de
dicogamia e a ocorrência tanto de autopolinização como de polinização cruzada.
Para esse autor, tudo indica que a polinização cruzada responde, em alguns
casos, pelo maior tamanho do fruto.
Na observação de áreas de plantio
comercial tem-se constatado a presença persistente e contínua de abelhas sobre
as folhas abertas, o que pode iniciar ser este inseto um polinizador
eficiente para a cereja das Antilhas. Algumas espécies de Malpighia
polinizadas por abelhas, entre as quais a M. emarginata,
respondem com uma alta taxa de frutificação efetiva (International
Board Plant Genetic Resources, 1986).
Os frutos da aceroleira são drupas
de forma bastante variável. Há frutos arredondados, ovalados
ou mesmo cônicos. Sua cor, quando maduros, pode ser vermelha, roxa e amarela.
Está característica é muito importante, pois a indústria de processamento, que
prefere os frutos de coloração vermelha, descarta os verdes ou amarelados.
Constata-se também que as acerolas crescem isoladas ou em cachos de dois ou
mais frutos, sempre na axilas das folhas.
Os frutos da aceroleira são
pequenos; seu peso varia de 3 a 16 gramas, em função basicamente do potencial
genético da planta e das condições do cultivo. Em geral, o tamanho dos frutos
que crescem isolados é maior que o dos que formam cacho. Segundo Arostegui e Pennock (1955), a
acerola apresenta um conteúdo médio de vitamina C de aproximadamente 2% e um
rendimento médio de suco entre 59 e 73% do seu peso.
Arostegiu e outros (1955) destacaram que o
teor de vitamina C do futuro pode ainda variar em função da época da colheita. Campillo e Asenjo (1957) informam,
por sua vez que o teor de ácido ascórbico da acerola decresce a medida que esta vai amadurecendo.
A formação do fruto ocorre muito
rapidamente. Constatou-se no Submédio São Francisco
que o tempo decorrido entre o florescimento e a colheita é de aproximadamente
três a quatro semanas. Este conhecimento é da maior importância para o produtor
de acerola, que pode assim programar, com maior perspectiva de acerto, suas
atividades de colheita e comercialização da fruta nos mercados interno e
externo.
Em geral, as acerolas apresentam
três sementes por fruto. Cada semente está inserida num caroço reticulado e
mais ou menos trilobado (Simão, 1971). É bastante
comum que algumas sementes sejam inviáveis, em virtude do abortamento do
embrião, que responde pelo baixo índice de germinação constatado.
De acordo com Batista e outros
(1989) e Simão (1971), a acerola ou cereja das Antilhas produz de três a quatro
safras por ano. A observação direta de pomares irrigados da região do Submédio São Francisco confirma, entretanto, a
possibilidade de produção contínua durante quase todo o ano. Almeida e Araújo
(1992) informam que, se receber irrigação e tratos culturais adequados, a
aceroleira pode produzir quatro a seis floradas por ano. Esse comportamento se
deve basicamente às condições de clima associadas à prática da irrigação, que
ao favorecerem vários surtos de crescimento propiciam também a floração e
frutificação quase contínua. É importante que a planta seja adequadamente
suprida de nutrientes essenciais, sobretudo nitrogênio, e de água após uma
floração, pois é comum o abortamento de flores submetidas a condições adversas.
Importâncias Econômica, alimentar e
social
O
cultivo da acerola vem acentuando de forma persistente e tem despertado
interesse entre os produtores e consumidores brasileiros ou estrangeiros, tanto
em natura ou outros sub produtos industriais.
A importância econômica da acerola
nas estatísticas é prejudicada pelo fato de que exploração comercial é em
escala recente, há pouca informação a seu respeito.
É fácil compreender, a sua grande
importância econômica real e potencial, em termos de exportação.
Uma vez que conquistou europeus,
japoneses e norte-americanos a acerola será um produto de peso na pauta
exportação. No Brasil uma empresa baiana exporta anualmente 85% da sua
produção, o equivalente a 1.500 toneladas de polpa (Lucas, 1993).
A exportação da fruta e do suco
congelados de acerola são promissores. No Japão, segundo Genthon
(1992), o valor dos sucos cultivados sem a aplicação de pesticidas, é 50% maior
que ao similares que são usados agrotóxicos. As
condições ecológicas das áreas irrigadas do Nordeste, onde o cultivo da acerola
é reduzido o emprego de pesticidas permitirão ao Brasil atingir o mercado
japonês para exportação.
No Brasil alguns estados já
exportam acerola sob a forma de suco, polpa ou fruta congelada para Holanda e o
Japão, alem de explorarem o mercado interno. Vaz, citado por Alves (1992),
informa que o Japão pretende importar o equivalente a US$ 30 milhões em suco
concentrado, polpa e fruta em natura. A produção brasileira de acerola ainda é
suficiente para atender a essa demanda.
Importância
Alimentar e Social
Estudada
desde 1946 por diversos pesquisadores, dentre eles Asenjo
(1959) e Sena e Pereira (1984), como uma rica fonte de vitamina C, o consumo da
acerola deve ser incentivado pois possui grande valor
nutricional e medicinal.
Além do alto teor de vitamina C,
estão presentes em sua composição doses expressivas de vitamina A, ferro e
cálcio. A acerola contém ainda, de acordo com Ledim
(1958), tiamina, riboflavina e niacina, além de ferro, cálcio e fósforo,
necessário às funções vitais do homem.
Por ter um alto teor de vitamina C,
conclui-se que a acerola pode desempenhar um papel importante na alimentação
das pessoas.
A acerola é caracterizada de
mão-de-obra intensiva, principalmente nas etapas de colheita e classificação
dos frutos. Tratando-se de uma fruteira cuja produção nas áreas irrigadas é
quase ininterrupta, seu cultivo requer maior contingência de mão-de-obra.
O cultivo da acerola nos projetos
irrigados do Nordeste é de suma importância social, para o pequeno fruticultor
que terá o fluxo de caixa quase contínuo. Este aspectos
e importante, uma vez que o pequeno fruticultor em geral não dispõe de capital
de giro.
A acerola é conhecida no Brasil há
mais de 50 anos, mas seu cultivo em escala comercial é recente. No Nordeste a
área plantada, na maior parte foi instalada sem que fosse
necessário conhecimentos tecnológicos sobre as diversas variedades de
aceroleiras. Em quase todos os pomares pode ser observado
uma escala acentuada de formas e tipos de plantas, e isso tem causado
muitas dificuldades aos produtores de acerola, uma vez que a desuniformidade das plantas acarreta perdas na
produtividade dos pomares e na qualidade dos frutos. Pode-se encontrar no mesmo
pomar, plantas com crescimento distinto e árvores que produzem frutos em cacho
e isolados, assim como tamanho formato e coloração diferentes. Essas diferenças
trazem problemas ao produtor pois, as atividades
agrícolas tornam-se difíceis, perante a diversidade de respostas que se obtém
de matrizes com características genéticas diferentes.
É necessário que os pomares sejam
formados a partir de variedades bem definidas ,
contendo características agronômicas e tecnológicas adequadas.
Tendo consciência da necessidade de
instalação de pomares de aceroleiras com germoplasma
caracterizado e selecionado, alguns estados do Nordeste vem
desenvolvendo pesquisas no sentido de introduzir, caracterizar,
selecionar e difundir plantas com qualidades agronômicas e tecnológicas
comprovadoras e de interesse comercial.
A variedade ideal de acerola para
cultivo em áreas irrigadas do Nordeste, teriam que
reunir características consideradas essenciais, com alto nível de produtividade
(próximo a 100 kg/planta/ano) e os frutos com
coloração vermelha e peso superior a 8 – 10 gramas e teor de vitamina C acima
de 2.000 mg/100g de polpa.
Dadas essas características,
deve-se buscar a seleção de plantas desprovidas de pêlo urticantes, que podem
acarretar sérios problemas à operação de colheita, buscando plantas que
produzam frutos mais rígidos e resistentes ao transporte. É necessário que o
material selecionado possua resistência ou tolerância a esse fitopatógeno.
As acerolas são classificadas em
doces e ácidas. Sendo que as acerolas são mais ricas em ácido ascórbico. Simão
(1971) informa que no Havaí foram selecionados os seguintes clones: Grupo doce
– 4-43 (Mamoa); 9-68 (Rubi Tropical) e 8E-32 (Rainha
do Havaí). No grupo ácido destacam-se: 3B-21 (J. H. Beaumont);
22-40 (C. F. Rehnborg) e 3B-1 (Jumbo
Vermelho).
Na Estação Experimental Agrícola da
Universidade de Porto Rico, onde se testaram diversas seleções de variedades
clonais de acerola, foram recomendadas, para as condições locais, as seleções
B-15 e B-17. A seleção B-15 caracteriza-se por ser produtiva e gerar frutos com
alto conteúdo de vitamina C. A seleção B-17 produz frutos maiores, fáceis de
colher e adequados para comercialização como fruta fresca (Marty
e Pennok, 1965). Os trabalhos de seleção realizados
na Flórida destacam a variedade Flórida Sweet como
resistente a algumas doenças fúngicas (International Board Plant Genetic Resources,
1986)
Variedades doces:
Manoa Sweet:
Apresenta copa ereta e estendida. É vigorosa, prolífica e tem tendência a
produzir muita ramagem, líder, atingindo até 5m de altura. Seus frutos são de
coloração amarelo avermelhada quando completamente maduros. São doces, de bom
sabor. É recomendada para plantios caseiros.
Tropical Ruby:
O hábito de crescimento lembra a anterior, necessitando de controle para
desenvolver tronco único. Não podada, pode atingir 5m de altura. Boa produtora,
seus frutos são idênticos aos da Manoa Sweet.
Hawaiian Queen:
Seu hábito de crescimento é ereto, esparramado e aberto. Igualmente, deve ser conduzida de maneira a formar tronco único, o que pode ser
praticado cem menor esforço que as anteriores.
Variedades ácidas:
J.H.Beaumont:
Este clone é compacto, baixo, com ramagens densas e hábitos de crescimento que
pode ser facilmente conduzido para formar arbusto de tronco único. Tanto a
produção de frutos como a de ácido ascórbico são boas. Fruto grande, com coloração
laranja avermelhada quando completamente maduros.
C.F.Rehnborg:
A planta é de formação compacta, densamente ramificada, podendo ser facilmente
conduzida para formar tronco único. Embora altamente
produtiva, comparativamente seu teor em ácido ascórbico é baixo.
Apresenta fruto grande com coloração laranja avermelhada, passando a
vermelho-escuro quando completamente maduro.
F. Haley:
Forma boas árvores para pomares, sendo facilmente conduzida para formar tronco
único, e tem hábito de crescimento ereto. Seus ramos são alongados, com ramagem
lateral não esparramada. Os frutos, de tamanho médio, têm coloração
vermelho-púrpura quando plenamente maduros. Esta variedade adapta-se melhor às
áreas mais secas.
Red. Jumbo:
Possui tronco único e crescimento compacto; ramagem bem distribuída e hábito de
crescimento baixo. Embora seja arbusto baixo, a porcentagem de frutificação é
relativamente alta e o fruto grande, pesando 9,3g, em média; é de coloração
atrativa, passa do vermelho-cereja para o vermelho-púrpura
quando em plena maturação.
Maunawili: Embora não se destaque quanto ao conteúdo
de ácido ascórbico, demonstrou superior performance nas áreas bastante chuvosas
e seu fácil e manejável crescimento fizeram dela um clone desejável. Desenvolve
tronco único e exige pouca ou nenhuma posa; seus ramos são eretos e ao mesmo
tempo compactos. As folhas geralmente pequenas e estreitas. Seus frutos são
pequenos, vermelho-cereja e até vermelho-púrpura quando bem maduros.
Condições
Climáticas Hídricas e Solos
A acerola ou cereja das Antilhas, é planta rústica, desenvolvendo-se em clima tropical e
subtropical, quando adulta (madura) suporta temperaturas de até 0º C.
Segundo Simão (1971) e Almeida e
Araújo (1992), a acerola se adapta bem à temperatura média em torno de 26º C.
Durante o período seco e frio a planta
permanece estacionária, o que é normal, e quando a temperatura se eleva, a
vegetação e o florescimento mantêm-se constantes. Sua frutificação acontece na
primavera-verão. A altitude pode ser de 0 nível do mar
até 800m ou mais. Por ser de clima tropical e subtropical, com chuvas ou
irrigações distribuídas em torno de 1000 a 2000 mm, poderá haver uma grande
produção de frutos de maior tamanho. As chuvas excessivas ultrapassando 1600 mm
podem ocasionar frutos com menos vitamina C e aquosos.
Para Marty
e Pennock (1965), a acerola não exige solos
específicos. Os mais indicados são os de média fertilidade e os argilo-arenosos por reterem maior teor de umidade.
Entretanto, certos cuidados devem ser tomados, como a
fertilização adequada dos terrenos, arenosos e a drenagem das áreas de
solos mais pesados onde pode ocorrer salinação e evitando, nos solos mais
arenosos as áreas infestadas por nematóides.
A
aceroleira é uma planta considerada de propagação simples, dado que pode ser
multiplicada por vários processos. Ela se propaga facilmente com o emprego de
sementes, estaquia e enxertia (Amaral, 1992; Matry e Pennock, 1965; Holmquist, 1966;
Bezerra e outros, 1992).
O fato da
aceroleira ser uma planta autofértil podem-se
obter plantas praticamente idênticas, com a utilização da propagação por meio
de sementes (Simão, 1971). Nos plantios em grandes escalas, entretanto, essa
modalidade de propagação só deve ser adotada se as sementes provierem de frutos
colhidos em áreas formadas com plantas uniformes, portadoras das melhores
características produtivas e comerciais, pois desse modo se reduz o risco da
geração de matrizes geneticamente indesejáveis.
As mudas a partir de sementes podem
ser formadas em canteiros com 15 cm de altura, e 120 cm de largura e comprimento
variável em função das características da propriedade. A semeadura pode ser
feita em caixa de madeira ou similar, utilizadas como germinador, medindo 15 cm
de largura ou em recipiente de polietileno preto com 20 cm de altura e 15 cm de
diâmetro. Alguns viveiristas produzem as mudas em
recipientes de polietileno de 6 cm de diâmetro e 25 cm
de altura, reduzindo assim o custo de produção, devido ao maior número de mudas
transportadas por unidade de área.
As sementes devem provir de frutos
fisiologicamente maduros, dos quais são extraídas, sendo em seguida lavadas e
postas a secar à sombra. A germinação ocorre em geral
dentro de 20 a 150 dias; seu índice é de 20 a 30%, em virtude da ocorrência
freqüente de abortamento do embrião (Marty e Pennock, 1965). A proteção contra a insolação direta e as
regas diárias são práticas indispensáveis ao sucesso na germinação das
sementes.
Diversos trabalhos comprovam, por
outro lado, a viabilidade da propagação assexuada mediante o enraizamento de estaca. Esse método, assegura
maior precocidade na produção, assim como a transmissibilidade das
características genéticas da planta propagada. Pomares implantados na região do
Submédio São Francisco com mudas propagadas por
estaca iniciaram a frutificação entre cinco e doze meses após o plantio no
local definitivo.
Embora a multiplicação por estaca
seja um método mais difícil e de custo de produção mais elevado, sua adoção é
preferível, pois com ele se obtêm, com certeza absoluta,
plantas não só uniformes como portadoras de características
determinadas. O material propagativo usado na
estaquia deve ser coletado a partir de matrizes
pré-selecionadas, comprovadamente produtivas e livres de pragas e doenças.
As estacas com folhas devem ser túrgidas, e plantadas de imediato, pois comprovou-se na prática um maior percentual de enraizamento.
Pesquisas realizadas por Nascimento
(1991) em casa de vegetação, utilizando estacas semilenhosas
com folhas, medindo 15 a 20cm de comprimento e 3 a 6mm de diâmetro, coletadas
antes da floração e plantadas em substrato de areia, possibilitaram um enraizamento da ordem de 50%, quando se utilizou o ácido indolbutírico em pó na concentração de 6.000ppm. Nos
estudos levados a efeito pela Universidade Federal em Areias na Paraíba, nos
quais se utilizaram estacas com 20cm de comprimento e diâmetros entre 4 e 8mm, plantadas sem folhas e num substrato de areia,
houve o enraizamento de 45% das estacas quando se
utilizou o ácido indolbutírico na concentração de
2.400ppm (Alves e outros, 1991).
Bezerra e outros em trabalhos
realizados em Goiânia (Pernambuco) com estacas herbáceas coletadas em duas
épocas fevereiro e abril - , constataram que o uso dos
ácidos indolbutírico e naftalenoacético
nas concentrações de 50 e 100ppm, respectivamente não estimulou o enraizamento das estacas. Foi de 87,3% o percentual de enraizamento obtido quando as estacas foram retiradas em
abril.
Marty e Pennock
(1965) assinalam que na propagação da acerola por meio de estaca, devem-se
utilizar as pontas dos ramos vigorosos de plantas jovens. A medida recomendada
para a estaca é de 8 a 10 polegadas; no substrato de enraizamento
planta-se apenas o seu terço inferior. As estacas, que devem ser tratadas com
ácido indolbutírico, são colocadas para enraizar num
substrato de areia ou vermiculita e em câmara de nebulização intermitente, de modo a manter a umidade
ambiental. Após o período de enraizamento, 50-60
dias, as mudas enraizadas são transplantadas para recipientes individuais com
uma altura mínima de 15-20cm.
A propagação da acerola por meio de
enxertia, apesar de pouco recomendada, também pode ser utilizada com sucesso
(Simão, 1971). Holmquist (1966) relata que, de quatro
métodos de enxertia, testados na Universidade Central da Venezuela, o processo
de garfagem em fenda cheia possibilitou um pegamento de enxerto da ordem de 86%.
Não obstante a maior rapidez na
obtenção da muda de acerola quando se usa a estaquia em lugar da enxertia, o
uso deste último método apresenta algumas vantagens comparativas que merecem
ser analisadas. As mudas propagadas por enxertia criam um sistema radicular
mais vigoroso, o qual explora, conseqüentemente, maior volume de solo. Além
disso, a presença da raiz pivotante na muda obtida
por enxertia dá maior firmeza à planta no solo, um efeito que deve ser levado
em conta, principalmente na implantação de pomares em áreas sujeitas a ventos
fortes. Estes, por exemplo, são bastantes freqüentes
no segundo semestre do ano nas áreas irrigadas do Nordeste. Ainda que em
pequena escala, tem-se observado na região do Submédio
São Francisco o tombamento de plantas de acerola multiplicadas por estaca, em
conseqüência da ação do vento. Este fato ocorre porque essas plantas, após
serem transplantadas para o local definitivo, apresentam um sistema radicular
adventício, portanto de localização mais superficial.
Tendo em vista que os estudos sobre
enxertia da aceroleira foram levados a efeito na Venezuela, recomenda-se a
realização de ensaios experimentais no sentido de se definir o processo de
enxertia mais adequado às condições dos ecossistemas brasileiros,
principalmente nas áreas de maior incidência de ventos fortes. A EMBRAPA CPATSA
(Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido) está desenvolvendo um
ensaio em que considerou três processos de enxertia – garfagem
no topo em fendas cheias, garfagem lateral em inglês
simples e bolbulhia de placa em janela aberta -, além
de dois métodos de produção do porta-enxertos
– viveiro e recipientes. Há evidência de que a enxertia de borbulhia
de placa em janela aberta será viável, assim como o processo de garfagem no topo em fenda cheia, este quando realizado sob
cobertura de tela.
Cumpre acrescentar que as mudas, quer propagadas por estaquia quer por enxertia, devem ser
adquiridas de entidades ou produtores credenciados e idôneos. Este aspecto é de
primordial importância, pois o sucesso do empreendimento frutícola depende
fundamentalmente da qualidade da muda utilizada.
O
controle das plantas daninhas é uma prática indispensável. A ocorrência dessas plantas
causa uma série de transtornos que prejudicam o crescimento d desenvolvimento
das plantas frutíferas sofrendo perdas qualitativas e quantitativas e favorecem
no aparecimento de pragas e doenças, tal infestação dificulta a inspeção e
manutenção dos sistemas de irrigação, aumentando o custo operacional nas áreas
irrigadas por sistema de aspersão móveis. Devemos
salientar que além dos transtornos mencionados, tem também as dificuldades na
hora da colheita.
O
controle das plantas daninhas, tem sido feito por
capinas manuais na projeção da copa, deixando o mato para ser rebaixado com roçadeiras ou manualmente com ferramentas apropriadas. Na
Zona da Mata (Região Nordeste); tem sido comum esta prática no período de
chuva.
O
controle das plantas daninhas mediante a aplicação de herbicidas é recomendável
nas áreas das empresas agrícolas de médio e grande porte, que podem contar com
assistência técnica especializada. Neste caso é preciso o conhecimento
minucioso não só da população invasora como do herbicida a ser aplicado. Há
necessidade de estudos nessa área, envolvendo a aceroleira, de modo a evitar
efeitos tóxicos à planta e na contaminação dos frutos a serem exportados, ou
comercializados no mercado interno.
Podas de Formação e Corretivas
As
podas na cultura da acerola são fundamentais, em regiões tropicais a planta
chega até 9 safras/ano, com
colheitas diárias. Podas de formação, limpeza e drásticas bem executadas
facilitarão os tratos culturais e na colheita.
Após
o pegamento da muda no local definido, serão
necessárias podas de formação para conduzi-las em haste única até a altura de
30-40 cm do solo. Esta haste após podada a gema
apical, deverá ficar entre 50 a 60 cm de altura, sendo com isto estimulada a
brotação das gemas laterais. Estas gemas originarão ramos laterais dos quais
serão escolhidos 3 ou 4 ramos eqüidistantes, com
alturas diferentes na metade superior da haste permitindo simetria e equilíbrio
físico entre os ramos.
Também
é importante podas corretivas a fim de eliminar as brotações
que surgem nos três ou quatro ramos principais, especialmente os que se dirigem
para o solo. Esta poda é para evitar que os ramos cubram o solo na área
da projeção da copa e atrapalhe na prática de cultura – irrigação, adubação e
cobertura morta.
É
necessário eliminar as brotações nas pernadas ou ramos principais até dez
centímetros a partir do tronco, inclusive as que se voltam para o interior da
copa a fim de que fique mais aberta no centro e arejada. Marty
e Pennock (1965) ressaltam que isso permitirá maior
penetração de luz solar no dossel vegetal, atingindo ramos e folhas no seu
interior.
A
poda de ramos indesejáveis deve ser feita assim que necessária para evitar que
a planta gaste energia com ramos que mais tarde terão que ser podados. Se feito
isto tardiamente, poderá determinar a formação de uma copa defeituosa.
A
poda drástica tem sido executada uma vez ao ano, quando a planta já adulta,
encontra-se em repouso vegetativo, o que acontece no período de chuva no Norte/Nordeste ou no inverno para outras regiões.
Essa
poda é feita visando reduzir a altura da copa em 1,5 a 2,0m, cortando os galhos
mais vigorosos e mal localizados, facilitando a operação de colheitas que se
concentram na primavera e verão.
A
poda corretiva deverá ser feita após cada ciclo fenológico de produção ou
quando necessária, de modo a manter as plantas na altura padrão do pomar. Não
se recomenda as podas destinadas a estimular a frutificação,
pois ainda carece de estudos, e pesquisas antes que tal prática possa ser
implementada em pomares orientados para a produção comercial.
É
de forma generalizada, que as aceroleiras com maior volume de copa são mais
produtivas. Daí a necessidade de agir com cautela no que concerne às podas de
frutificação, pois geralmente diminuem o volume da
copa da planta o que em algumas espécies prejudicam a produção.
A
poda de limpeza é feita durante toda a vida útil das aceroleiras e torna
indispensável a manutenção da conformação desejada.
Devendo ser feita quando a planta estiver se flores e frutos, sempre que necessário.
A
irrigação na cultura da acerola tem sido usada especialmente em regiões com
problemas de insuficiência e/ou má distribuição de
chuvas (abaixo de 1.600mm anuais). Á medida que se reduz a
disponibilidade de água, diminui o crescimento do sistema radicular e da parte
aérea da planta, porém a água em excesso provoca diminuição da qualidade do
fruto, reduzindo os teores de vitamina C. o uso da irrigação de forma racional
permiti no mínimo a duplicação da produção e o aumento no número de safras.
Segundo
Scaloppi (1986), a escolha dos sistemas de rega
depende de uma série de fatores técnicos, econômicos e culturais com as
condições específicas da propriedade: 1) recursos hídricos (potencial hídrico,
situação topográfica, qualidade e custo da água); 2) topografia; 3) solos
(características morfológicas, retenção hídrica, infiltração, características
químicas e variabilidade espacial); 4) clima (precipitação, ventos e evapotranspiração potencial); 5) culturas (sistema e
densidade de plantio, profundidade efetiva do sistema radicular, altura das
plantas exigências agronômicas e valor econômico); 6) aspectos econômicos
(custos iniciais, operacionais e de manutenção); 7) fatores humanos (nível
educacional, poder aquisitivo, tradição, etc.).
Os
tipos de irrigação mais utilizados são: aspersão convencional, microaspersão,
gotejamento, e por tubos perfurados (Xique-xique),
por sulco de infiltração com bacias de captação na projeção da copa e irrigação
por mangueira no mesmo estilo.
Os
sistemas de irrigação por sulcos e gotejamento são indicados para solos argilo-arenosos; já os sistemas de aspersão e microaspersão
se prestam melhor aos solos arenosos e areno-argilosos.
O
plantio de culturas intercalares é viável em pomares de
aceroleiras voltadas a exportação, embora esta prática esteja sujeita a
algumas restrições. A principal delas diz respeito ao método de irrigação
utilizado: a consorciação só é possível quando se adota a irrigação por
aspersão ou se for feita no período de chuvas. Nesta época ela pode tornar-se
pouco atraente, devido à irregularidade temporal e espacial das precipitações,
tal como ocorre, na região Nordeste. O plantio intercalado de aceroleira com outras fruteiras – Principalmente a mangueira – apesar de já
ter sido praticado em áreas irrigadas n Nordeste, requer maiores conhecimentos
técnicos.
Embora
não apresente maiores problemas nos primeiros anos de cultivo, o consórcio
entre aceroleiras e mangueiras, pode tornar-se bastante difícil, principalmente
depois que as mangueiras iniciam a produção econômica ou quando as copas das
fruteiras consorciadas começam a se interceptar. Sérias dificuldades se fazem
sentir na tentativa de compatibilizar a irrigação, a adubação e as
pulverizações. Estas práticas são especificas de cada cultura e devem ser
executadas em épocas predeterminadas, então vai haver uma hora que o produtor
terá de eliminar a cultura secundária, para não prejudicar a produtividade da
fruteira consorciada considerada principal.
Outro
fator que define a espécie da cultura a ser consorciada com a acerola é o
sistema de irrigação adotado. Nas irrigações por sulco ou aspersão, as
limitações restringem-se apenas às espécies de cultura passíveis de
consorciação. Se a irrigação é a localizada, a intercalação de culturas, só
pode ser feita entre plantas ao longo da fileira. Porem se o produtor dispuser
a movimentar as linhas laterais dos sistemas de irrigação localizada –
gotejamento, microaspersão, tubos perfurados, será
possível intercalar outras culturas entre as fileiras de aceroleiras.
O
alto padrão de qualidade exigida pelo mercado importador de frutas frescas, não
é aconselhável a prática da consorciação, já que o produtor de acerola para
exportação deve dispensar atenção máxima à obtenção de frutas que atendam aos
padrões internacionais de qualidade. Caso isso não aconteça esse produtor terá
dificuldades de competir num mercado cada vez mais exigente. Porém, a
consorciação deverá ser incentivada durante a fase de formação do pomar de acerola,
como uma forma de amortizar ou agilizar o retorno dos investimentos realizados,
e a adoção desse sistema poderá ser útil principalmente em pequenas áreas,
associando-se a aceroleira com culturas de ciclo curto e tendo em vista, o
incremento da renda e da remuneração do fruticultor, bem como o aproveitamento
da mão-de-obra familiar.
Nutrição, Adubação e Calagem
Apesar
de o cultivo da aceroleira envolver uma planta rústica facilmente adaptável aos
mais variados tipos de solo, requer manejo correto quanto à adubação e nutrição
das plantas, principalmente nos pomares orientados para a exportação.
A
fertilização é de suma importância em termos percentuais, para o aumento da
produtividade. Segundo Lopes e Guilherme (1990), se feita uma aplicação correta
o retorno de investimentos realizados reflete-se no aumento da produção por
unidade de nutriente aplicado. A ineficiência de fertilizantes significa baixa
produtividade e baixo lucro, resultado que pode inviabilizar o retorno dos
investimentos.
Para
a exportação o manejo racional, dos fertilizantes é fundamentalmente
necessário, estas técnicas de manejo básico e essencial, estão a seguir:
a)
–
Análise de solo – É um excelente meio de se diagnosticar, com maior precisão, o
fertilizante e a quantidade a ser aplicada.
b)
–
Análise foliar – Tornou-se um importante recurso para a diagnose de problemas
nutricionais, principalmente em culturas perenes. Se associada à análise de
solo proporciona orientação segura no manejo dos nutrientes ao longo do ciclo
fenológico da cultura.
c)
–
Testes de tecidos – Os testes rápidos ou testes de tecidos são muito conhecidos
nos Estados Unidos e Europa. No Brasil o seu uso ainda é muito limitado. São
utilizados na avaliação nutricional das plantas, sobretudo no que diz respeito
a nitrogênio, fósforo e potássio. Feitos no campo, dão
uma idéia imediata da situação nutricional do pomar.
d)
–
Observação dos sintomas de deficiência de nutrientes – Permite a identificação
visual da deficiência de nutrientes em plantas, com vistas ao diagnóstico e à
previsão dos problemas do pomar.
e)
–
Conhecimento dos fatores que afetam a disponibilidade de nutrientes – É
fundamental para a tomada de decisões a cerca da aplicação de micronutrientes.
Esses fatores, entre outros, o nível do pH do solo e a presença do alumínio em
níveis tóxicos.
Lopes
e Guilherme (1990) assinalam que o histórico da área a ser cultivada é de
grande valia na otimização ou maximização do uso e eficiência dos
fertilizantes.
No
Brasil, há pouca informação disponível a respeito da adubação e nutrição nas
condições edafoclimáticas das áreas irrigadas do Nordeste.
Estudos
desenvolvidos em Porto Rico, Cibes e Samuels (1955) assinalaram os principais problemas e
sintomas de deficiência nutricional na aceroleira cultivada em solução
nutritiva:
1
– A eliminação do nitrogênio da solução nutritiva foi o fator que mais deteve o
crescimento e a produção das plantas.
2
– A deficiência de fósforo, boro, enxofre e ferro não tiveram efeito tão nocivo
sobre o crescimento das plantas quanto o produzido pela carência de nitrogênio,
porem diminuiu drasticamente a produção de frutos.
3
– A deficiência de magnésio e manganês produziu efeito pouco significativo
sobre o crescimento e a produção das aceroleiras.
4
– A falta de potássio diminuiu o diâmetro dos ramos e o tamanho dos frutos.
5
– A deficiência de cálcio retardou de modo significativo o crescimento das
plantas.
6
– Os índices mais altos de nitrogênio foram encontrados em folhas de árvores
deficientes em enxofre e ferro.
7
– As plantas deficientes em nitrogênio apresentaram alta concentração de
fósforo nas folhas.
8
– As árvores deficientes em fósforo não apresentaram sintoma algum dessa
carência.
9
– Os menores níveis de ferro foram observados nas folhas de plantas deficientes
em cálcio.
10
– Os sintomas mais sérios de deficiência de nitrogênio provocaram o
amarelecimento total e a queda das folhas.
Silva
e Junior e outros (1988), citados por Alves (1992), observaram que o nitrogênio
e o potássio são os elementos extraídos em maior quantidade pelos frutos.
Marty e Pennock (1965) ressaltam a
conveniência de suprir fartamente a aceroleira de elementos maiores,
principalmente o nitrogênio, sugerindo a aplicação da fórmula 14-4-10, duas
vezes por ano na quantidade de 160kg/ha, nos dois primeiros anos da implantação
do pomar.
Os
adubos devem ser distribuídos em circulo sobre a superfície do terreno, na
projeção da copa.
Simão
(1971) indica a fórmula 8-8-15 a base de 500g/planta
até a idade de quatro anos. Para as plantas adultas, recomenda a mesma fórmula,
usando porém 1,5 a 2,5kg/planta
em duas aplicações.
Simão
(1971) recomenda ainda que até o início da frutificação a planta seja adubada
anualmente com esta mistura: 400 gramas de superfosfato
de cálcio e 200 gramas de cloreto de potássio. Iniciada a frutificação, recomenda
a aplicação da seguinte fórmula: 660 1.000 gramas de
sulfato de amônio ou nitrocálcio; 600 a 900 gramas de
superfosfato de cálcio e 375 a 500 gramas de cloreto
de potássio. Esta adubação que é indicada para áreas dependentes de chuvas,
deve ser dividida em duas doses iguais, uma aplicada no início do período
chuvoso e a outra no fim desse período, em faixa circular distante entre 20 e
40cm do tronco ou na projeção da copa.
Para
as áreas irrigadas do submédio São Francisco,
recomenda-se aplicar em fundação (cova) 400-500 gramas de superfosfato
simples; 300-400 gramas de cloreto de potássio e 20 litros no mínimo de esterco
bem curtido. Durante o primeiro ano recomenda-se a
adubação mensal em cobertura e na projeção da copa 30-40 gramas de uréia e
30-40 gramas de sulfato de potássio por planta, adicionando-se a cada seis
meses também em cobertura, 20 litros de esterco bem curtido.
As
adubações regionalizadas ou generalizadas nem sempre devem ser adotadas
indiscriminadamente, sobretudo se não estiverem acompanhadas de uma
caracterização detalhada do solo, do manejo e do estádio de desenvolvimento da
cultura.
Na
adubação orgânica, apesar das poucas experiências realizadas, seu uso é
recomendável principalmente por ocasião do plantio e, depois, duas vezes por ano
em cobertura sob a projeção da copa. Deve ser incentivado nos solos arenosos da
região semi-árida do Nordeste, em virtude da sua pobreza em matéria orgânica e
pela proteção que essa adubação oferece contra a insolação direta e a
conseqüente evaporação.
A
análise química do solo deve ser feita pelo menos a cada dois anos, para que se
possa avaliar a necessidade não só da aplicação, de corretivos, como da
adequação dos níveis de cálcio e magnésio.
A
calagem é recomendada com base no teor de alumínio trocável ou em função dos
níveis de cálcio e magnésio no complexo sortivo do
solo. Também poderá basear-se no teor de matéria orgânica presente no solo.
Estudos
realizados por Hernandez-Medina e outros(1970) relatam
que a aceroleira apresentou um sistema radicular mais vigoroso nos solos com pH
na faixa de 5,5 a 6,5. As árvores cresceram com maior vigor, apresentaram uma
folhagem verde-escuro e propiciaram, maior produtividade. Nos pomares de
acerola orientados para a exportação, a calagem constitui-se
pois, numa prática indispensável, com vistas à correção do pH do solo,
para situá-lo na faixa que melhor atenda às exigências da cultura. Hernandez,
(1970) ainda ressalta que a aplicação de calcário aumenta a produtividade i o
conteúdo de ácido ascórbico da fruta.
O
sucesso da calagem dependerá, das características do corretivo, bem como da
dosagem e do método de aplicação do produto.
É
indispensável que o produtor dispense cuidados especiais à adubação e à
correção do solo, para que possa conseguir na sua atividade frutícola uma
relação custo/benefício eficiente.
Pulgão
(Aphis spiraecola)
Estes
insetos destacam-se na estação seca. Atacam geralmente a extremidade tenra dos
ramos -a sua preferida- após um surto de crescimento.
Os
pulgões podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dos
ramos, provocam seu murchamento e morte, o que força
a planta a gerar brotos laterais. É comum o pulgão atacar flores e frutos em
formação, prejudicando a produtividade geral da cultura.
Bicudo
(Anthomonus flavus Boheman)
Este
inseto faz a sua oviposição no ovário das flores e
nos frutos em desenvolvimento, que serve como alimento a eles (Marty e Pennock, 1965). Quase
sempre os frutos atacados pelo bicudo se deformam. Marty
e Pennock sugerem três medidas básicas:
1. Pulverizar com paration
na época do florescimento repetindo dez dias após.
2. Recolher e enterrar todos os frutos
caídos no chão.
3. Eliminar as outras espécies do
gênero Malpighia existentes próximas ao pomar.
Nematóides
De
todas as pragas que atacam a aceroleira, o nematóide é a de maior importância
econômica. (Internacional Board. Plant
Genetic Resources, 1986). A
aceroleira é muito sensível ao ataque dessa praga. Estes parasitos atacam as
raízes, induzindo-as a formação de galhas (Marty e Pennock, 1965). As plantas ficam enfraquecidas e se
desenvolvem menos na parte aérea e nas raízes que encurtam e engrossam. A
infecção das raízes Choud hury
e Choud hury (1992),
atrapalha na absorção da água e nutrientes do solo, e isso se reflete no
crescimento da copa da planta.
A
acerola é realmente suscetível aos nematóides segundo Ferraz e outros, porém é
resistente a Pratylenchus brachyurus e a Meloidogine
graminicola , Radpholus
similis , Rolytenchus
reniformis e Tylenchulus
semipenetrans. Pomares no município de Mossoró,
Rio Grande do Norte, apresentaram baixo desempenho em virtude da quebra do
ritmo do crescimento e produção das plantas, em conseqüência do ataque do Meloidogyne arenaria e Meloidogyne
incognita já mencionados.
Choud hury e Coud
hury, 1992, recomendam aos fruticultores seguintes
medidas para diminuir a população desses nimatóides.
1. Obter mudas sadias, produzidas em
solos não infetados por fitonematóides.
2. Utilizar leguminosas como Crotalaria spectabilis
e Crotalaria paulinea para posterior incorporação
no solo.
Outras
pragas
Poderá
ocorrer o ataque de cochonilhas e cigarrinhas não
identificados más de controle simples, com pulverizações para o seu
combate.
Simão
(1971) informa que em algumas épocas do ano a mosca-da-fruta,
Ceratitis capitata,
causa prejuízos aos frutos da acerola. Simão recomenda o uso de paration ou óleo mineral para o controle das cochonilhas de
enxofre para os ácaros, e de produtos à base de fenthion
como isca ou pulverização contra a mosca-das-frutas.
O
desmatamento para a implantação da aceroleira implicou na quebra do equilíbrio
biológico, como conseqüência, o surgimento de enfermidades até então não
relatadas para a cultura da acerola em outros paises produtores.
Marino
Neto (1986) e Marty e Pennock
(1965) relatam a ocorrência da cercospora (leaf spot) ou mancha-das-folhas
como sendo o maior problema da cultura da acerola no Havaí.
O
fungo Cercospora bunchosiae , aparentemente só ataca as folhas da acerola em alta
precipitação e alta umidade relativa do ar. Essa doença pode causar sérios
danos e se caracteriza pela presença de pontuações necróticas
medindo 1 a 5mm de diâmetro, arredondados ou
irregulares, que amarelecem e caem. Segundo Melendez
(1963), nesse caso pode dar-se a desfolhação total da planta.
Marino
Neto (1986) informa que os clones ou variedades de frutas mais doces são
dotados de grandes resistência a cercosporiose e as
ácidas apresentam diferentes graus de tolerância. Para esse autor, os produtos
químicos à base de cobre na sua formulação controlam essa doença.
Nas
áreas irrigadas do semi-árido nordestino, a cultura da acerola ainda não
apresentou nenhum problema fitossanitário associado a doenças. Tampouco nos
pomares da região do Submédio São Francisco e de
outras áreas irrigadas do Nordeste a presença da cercosporiose. É possível que
em climas com baixa umidade relativa do ar, esse problema fitossanitário não
aconteça, pelo menos a curto ou médio prazo.
Há
duas doenças, que poderão eventualmente atacar os pomares de aceroleira. A verrugose e a antracnose.
Antracnose Constitui-se de uma enfermidade da
acerola no Brasil, podendo afetar tanto em mudas quanto em plantas adultas, os
sintomas da antracnose são, manchas esbranquiçadas, com estreito marrom circundando
a área necrosada. Nos frutos infectam e causam manchas pequenas, enegrecidas,
as quais podem coalescer aumentando a área necrosada.
Os
frutos atacados não se prestam para a exportação se tornando em prejuízos aos
produtores.
No
Brasil não existem defensivos agrícolas para a acerola, mas em pesquisas em
desenvolvimento pela EMBRAPA/CNPAT mostram que o
fungo pode ser controlado através de pulverizações preventivas com oxicloreto de cobre e pulverizações curativas com benomil ou tiofanato metílico + chlorotalonil.
Verrugose De constatação recente no Brasil, foi
identificada pela primeira vez no Estado do Pará (Trindade et
alli,1993). Recentemente em Lucena, no litoral da
Paraíba. Essa enfermidade se caracteriza por rugosidade nas folhas,
principalmente na superfície superior, as vezes com
nervura das folhas. Em infecções severas as folhas apresentam limbo retorcido.
Os prejuízos mais notórios são notados nos frutos. A
rugosidade decorrente da infecção afetam o desenvolvimento normal dos
frutos, provocando distorções e atrofiamento, podendo não atingir a maturidade
ou terem aspectos externos comprometido. O agente causal da Verrugose
é o fungo Sphaceloma sp.
Desconhecem-se, até o presente, medidas eficientes para o controle do patógeno sobre a acerola. A doença foi inicialmente
encontrada no Havaí.
A
planta oriunda de sementes ou estacas, começam a
produzir cedo, ou seja, 2 a 2,5 ou 1,5 anos após o plantio.e
frutifica três a quatro vezes ao ano. Em Porto Rico tem-se reportado até sete
picos de produção (Simão, 1971). No entanto, em algumas regiões do Nordeste
brasileiro, com alta disponibilidade de luz e temperatura e sob irrigação, as
plantas advindas de sementes ou estacas tem começado a frutificar em menos de
um ano e produzindo praticamente o ano inteiro.
No
que se refere ao rendimento alcançado por planta e por hectare, pode-se dizer
que este apresenta grandes diferenças entre as áreas cultivadas, dependendo
principalmente da variedade ou clone explorado, dos tratos culturais adotados e
do manejo da irrigação, entre outros fatores.
É
importante salientar que o potencial genético das plantas, ateado às condições
edafoclimáticas da região, poderá influir fortemente na produção e
produtividade da aceroleira. Plantas conduzidas em áreas de sequeiro em regime
de dependência das chuvas, com precipitação anual média em torno de 1.480mm,
apresentaram produções entre 2,01 e 27,11kg, com quatro safras ao ano (Batista
e outros, 1989).
Registrou-se
no campo experimental de Bebedouro, em Petrolina – PE, a colheita de
17Kg/planta em matrizes que iniciaram a produção cerca de cinco meses após o
plantio definitivo e num ciclo fenológico de produção de apenas seis meses –
junho a dezembro.
É
importante frisar que, no caso dos pomares de aceroleira orientados para a
exportação a importância do fator quantidade, o peso total dos frutos
produzidos é apenas relativa. O produtor de acerola – para consumo in natura ou
produção de suco – que estiver interessado em abastecer os grandes centros
consumidores interno e o mercado externo, deverá estabelecer, sua meta de
produção e um programa rígido e sistemático de controle de qualidade dos frutos
produzidos pra que possa conquistar e permanecer num mercado externo altamente
exigente e competitivo, é importante que o produtor
implante em seu pomar uma plantação de aceroleiras com maior conteúdo possível
de ácido ascórbico.
A
colheita dos frutos da aceroleira destinados ao consumo in natura ou de sucos
para fins de exportação deve ser feita de maneira criteriosa, pões o sucesso na
comercialização do produto. Por isso os frutos devem ser colhidos, sempre nas
horas de temperatura mais amena.
Os
colhedores devem ser treinados e conscientizados da importância de evitar que
as acerolas sofram pancadas ou danos mecânicos, uma vez machucados ou
lesionados terão o processo de deterioração acelerado.
O
fator determinante do ponto de colheita é o destino que se pretende dar aos
frutos. No caso de congelamento ou processamento, os frutos deverão ser
colhidos com coloração vermelho intensa, mas ainda
firmes para suportar o manuseio. Neste estádio o fruto apresenta elevado teor
de açúcar, baixa acidez e menos teor de vitamina C, entretanto ainda supera
cerca de 20 a 30 vezes os frutos cítricos tidos como ricos em vitaminas C.
Os
frutos podem ser colhidos no inicio da maturação (verde, verde amarelado ou até
o início da pigmentação vermelha) quando se destina a
fabricação de produtos em pó, cápsulas, concentrados para o enriquecimento de
outros alimentos; deve ser efetuada duas a três vezes por semana, ou
diariamente, dependendo do pique de produção, para evitar que caiam depois de
determinado ponto de maturação.
As
acerolas destinadas a mercados consumidores distantes devem ser colhidas “de
vez”, já as vendidas aos mercados locais e indústrias processadoras devem ser
colhidas maduras.
Os
frutos, principalmente maduros, devem ser acondicionados nas caixas de colheita
em poucas camadas, pois o peso das camadas superiores pode provocar o
rompimento da casca dos frutos colocados em posição inferior. Deve-se utilizar
caixa de PVC de tamanho pequeno, que permitam coluna de frutos até 15cm. No
caso de utilizar caixas de PVC tradicionais, preferir as com aberturas laterais
ou então protegê-las com plástico esponjoso para evitar injúrias mecânicas no
transporte e fissuras provocadas pela grade da caixa.
A
operação colheita é, sem dúvida, uma das mais delicadas e de maior custo no
cultivo de acerola. No auge da safra e em pomares quase ou já em produção
plena, uma pessoa colhe cerca de 40 a 50 kg/fruta/dia.
A
lavagem dos frutos deve ser feita em esteiras rolantes adequadas para o uso de
jatos d’água fria sobre os frutos.
Seu
congelamento deverá ser após a seleção e lavagem, levados para câmara ou túnel
de congelamento em recipientes que permitem a passagem uniforme de fluxo de ar
frio pelos frutos. O congelamento deve ser realizado no menor espaço de tempo
possível. No processo de congelamento lento ocorrem alterações físicas muito
drásticas no produto, principalmente formação de cristais de gelo, que podem
perfurar as células, liberando enzimas responsáveis pela degradação dos
principais constituintes (açúcares, vitaminas, entre outros) e provocam
alterações indesejáveis na cor (amarelecimento).
A
conservação dos frutos dura algum tempo quando armazenados em recipientes
hermeticamente fechados e em temperaturas de refrigeração de 7ºC.
Mustard, procurando conhecer a perda de vitamina C da acerola
durante a transformação em geléia, verificou que, após o cozimento, o suco
conserva alto teor de vitaminas. Esse ponto é importante pois
segundo o autor em geral o cozimento tende a destruir a vitamina C, no caso da
acerola o teor se manteve.
Santini, também procurando conhecer a perda do teor vitamínico durante
a transformação dos frutos, chegou a conclusão de que
o ácido ascórbico pode ser mantido quase integralmente, desde que o suco seja
pasteurizado e enlatado imediatamente. Verificou que se mantido à temperatura
de 7ºC, por doze meses, a perda de teor de ácido ascórbico é de apenas 18%.
No
congelamento assim como na refrigeração, utiliza a diminuição da temperatura
para prolongar o período de conservação dos frutos, porém devido a baixa temperatura, ocorre a formação de cristais de gelo
nos tecidos, implicando na paralisação, quase por completo e irreversível, de
toda a atividade metabólica e na morte da célula seja por congelamento lento ou
rápido. Quando o congelamento é lento seguido de descongelamento apresenta uma
desestruturação a polpa, permitindo sua utilização
apenas em industrias de processamento. Quando se utiliza o congelamento, o
tempo de armazenamento se prolonga consideravelmente, viabilizando inclusive a
exportação para os paises mais distantes.
Custo de produção e receita estimada
Os
custos de implantação, manutenção e produção de um pomar de aceroleira variam
evidentemente, conforme o local em que ele seta instalado,
a finalidade da produção e as práticas culturais adotadas.
Dadas
as perspectivas e a viabilidade econômica do cultivo da aceroleira nas áreas
irrigadas do Nordeste, na Tabela são apresentados os principais coeficientes
técnicos da produção dessa cultura na região do Submédio
São Francisco. É importante assinalar que essa planilha deverá ser ajustada, no
caso da instalação de pomares de aceroleira para fins de exportação em agro ecossistemas diferentes, ou em função de novos
conhecimentos gerados.
Na
falta de informações sistematizadas sobre os preços praticados nos mercados
importadores, estimou-se uma receita bruta a partir do preço que a indústria
local paga por frutos de primeira qualidade.
Considerando
a possibilidade de que um pomar de aceroleira sob condições irrigadas atinha,
após o segundo ano, níveis de produtividade de 18t/ha/ano e que o preço
praticado seja de US$0,60/kg da fruta, estima-se uma
renda bruta em torno de US$10.800ha/ano, ao preço da
primeira quinzena de junho de 1993. Calculando ainda que a produtividade
potencial de um pomar após sua estabilização, seja da
ordem de 100kg fruta/planta/ano, equivalentes no
espaçamento de 4,0 x 4,0m a 62t/ha/ano, um nível perfeitamente atingível pelas
aceroleiras, e admitindo a mesma remuneração de US$0,60/kg/fruta ao preço da primeira quinzena de junho de 1993,
estima-se uma receita bruta de aproximadamente US$37.000ha/ano.
O
custo operacional de produção, a partir do quarto ano, segundo a CODEVASP citado por Viglio
(1993), situam-se em torno de US$1.977/ha, não
incluindo os custos da infra-estrutura de irrigação.
Tabela. Coeficiente técnico para
implantação e manutenção da cultura da aceroleira no espaçamento de 4,0 x 4,0m.
|
|
Ano I |
Ano II |
Ano III |
Discriminação |
Unidade |
|
|
|
|
|
Quant. |
Quant. |
Quant. |
1.INSUMOS |
|
|
|
|
1.1. Mudas (plantio + replantio)
|
Um |
670 |
- |
|
1.2. Tutores |
Um |
670 |
- |
|
1.3. Fertilizantes |
|
|
|
|
Uréia |
Kg |
130 |
260 |
260 |
Super fosfato simples |
Kg |
350 |
- |
350 |
Cloreto de potássio |
Kg |
130 |
260 |
260 |
1.4. Corretivos |
|
|
|
|
Calcário |
T |
2,5 |
- |
- |
Gesso |
kg |
500 |
- |
- |
1.5. Adubo orgânico |
|
|
|
|
Esterco |
M3 |
20 |
30 |
30 |
1.6. Defensivos |
|
|
|
|
Oxicloreto de cobre |
kg |
- |
10 |
10 |
Triclorfon |
L |
2,0 |
3,0 |
3,0 |
Formicida |
Kg |
5,0 |
3,0 |
2,0 |
Espalhante adesivo |
L |
01 |
02 |
01 |
Óleo mineral |
L |
01 |
01 |
01 |
Material p/cobertura morta |
M3 |
06 |
- |
- |
Carbamato |
L |
01 |
02 |
02 |
1.7. Água |
M3 |
16.000 |
16.000 |
16.000 |
2. PREPARO DO SOLO |
|
|
|
|
2.1. Roçagem e destoca |
H/D |
80 |
- |
- |
2.2. Aração |
H/Trat. |
04 |
- |
- |
2.3. Gradagem |
H/Trat. |
02 |
- |
- |
2.4. Marcação da área |
H/D |
03 |
- |
- |
2.5. Coveamento |
H/D |
12 |
- |
- |
2.6. Adubação básica e cobertura morta |
H/D |
10 |
08 |
08 |
2.7. Plantio/Tutoramento/Replantio |
H/D |
05 |
- |
- |
2.8. Calagem |
H/Trat. |
02 |
- |
- |
3. TRATOS CULTURAIS |
|
|
|
|
3.1. Coroamento |
H/D |
9x3 |
9x3 |
9x3 |
3.2. Poda de formação e corretiva |
H/D |
3,0 |
5,0 |
5,0 |
3.3. Capina mecânica |
H/Trat. |
4x2 |
4x2 |
4x2 |
3.4. Cobertura morta |
H/D |
06 |
06 |
06 |
3.5. Pulverização Motorizada |
H/Trat. |
6x2 |
6x2 |
6x2 |
3.6. Aplicação de calcário e incorporação |
H/Trat. |
04 |
- |
04 |
3.7. Pulverização manual |
H/D |
06 |
12 |
12 |
3.8. Irrigação |
|
|
|
|
|
|
Ano I |
Ano II |
Ano III |
Discriminação |
Unidade |
|
|
|
|
|
Quant. |
Quant. |
Quant. |
3. TRATOS CULTURAIS (Continuação) |
|
|
|
|
3.8. Irrigação |
|
|
|
|
Localizada |
H/D |
15 |
15 |
15 |
Aspersão |
H/D |
50 |
50 |
50 |
3.9. Controle de formiga |
H/D |
06 |
04 |
04 |
3.10. Colheita |
H/D |
16 |
480 |
1.400 |
4. OUTROS CUSTOS |
|
|
|
|
4.1. Energia p/irrigação
(depende do projeto) |
|
|
|
|
4.2. Tesoura de poda |
Um |
02 |
- |
02 |
4.3. Serrote de poda |
Um |
02 |
- |
02 |
4.4. Cordão ou barbante |
Rl |
04 |
- |
- |
4.5. Caixa colheita capacidade 20kg |
Cx |
10 |
30 |
50 |
4.6. Transporte interno |
H/Trat. |
05 |
05 |
05 |
Tabela
adaptada de dados da CODEVASF, Diretoria Regional de Petrolina, PE.
Fonte
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